Invernáculo

Esta língua não é minha,
qualquer um percebe.
Quem sabe maldigo mentiras,
vai ver que só minto verdades.
Assim me falo, eu, mínima,
quem sabe, eu sinto, mal sabe.
Esta não é minha língua.
A língua que eu falo trava
uma canção longínqua,
a voz, além, nem palavra.
O dialeto que se usa
à margem esquerda da frase,
eis a fala que me lusa,
eu, meio, eu dentro, eu, quase.

(Paulo Leminski)

sábado, 14 de abril de 2012

Soul

sou o que aprendi nos livros
o q ouvi nos discos
sou a capa velha da revista
a cara do maquinista
sou sozinha e acompanhada
uma verdade mal contada
sou a caça à inspiração
e a fuga à mesmice
sou uma coletânea de cacarecos estilhaços e destroços
sou quase nada e mesmo assim feita de quase tudo.
sou alguém com mania de se explicar
sou alguém que não sabe falar de si
sou alguém que perdoa fácil e
alguém q nunca se esquece
sou alguém q sorri fácil
mas tbm se entristece
sou um alguém quase completo
sou menos do que pareço
e muito mais do que invento.

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