Invernáculo

Esta língua não é minha,
qualquer um percebe.
Quem sabe maldigo mentiras,
vai ver que só minto verdades.
Assim me falo, eu, mínima,
quem sabe, eu sinto, mal sabe.
Esta não é minha língua.
A língua que eu falo trava
uma canção longínqua,
a voz, além, nem palavra.
O dialeto que se usa
à margem esquerda da frase,
eis a fala que me lusa,
eu, meio, eu dentro, eu, quase.

(Paulo Leminski)

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Chuva

Chuva, me lave
Chuva pesada
Chuva leve
De mim essas dores
Que não doem
Esses amores
Que não constroem
Me leve, me lave
Só deixe o que for meu

Chuva, chuva

Chova sobre o meu caminho
Sobre o meu destino
Chuva, chova
Pese sobre mim
Tire o que me pesa
Me deixe molhada e leve
Leve, me leve...

Chuva minha

Me chova
7 noites sem parar...
Minha chuva, minha amiga
Traga a morte
Lave a vida...

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