Invernáculo

Esta língua não é minha,
qualquer um percebe.
Quem sabe maldigo mentiras,
vai ver que só minto verdades.
Assim me falo, eu, mínima,
quem sabe, eu sinto, mal sabe.
Esta não é minha língua.
A língua que eu falo trava
uma canção longínqua,
a voz, além, nem palavra.
O dialeto que se usa
à margem esquerda da frase,
eis a fala que me lusa,
eu, meio, eu dentro, eu, quase.

(Paulo Leminski)

sábado, 26 de outubro de 2013

Eu não acho que a vida seja um jogo.
Dias passam, dias veem, mas eu não consigo acreditar. Não pra mim.
Não consigo acreditar que pras pessoas, o certo é encenação, blefe, mentiras e trapaças.
Eu me recuso a participar disso.
Entendo que no caminhar, a gente se engana, a gente comete erros, a gente se perde por entre caminhos estranhos, atalhos inúteis... com isso, quem nos acompanha, também acaba atônito... é normal. É chato, mas é comum.

Mas não. Eu não vou aceitar que minha vida seja um jogo.

Não estou competindo com ninguém, por isso, não é um jogo.
Não quero que ninguém saia perdendo, por isso não é um jogo.
Não blefo, por isso não é um jogo.
Não quero tirar vantagem, por isso não é um jogo.
Não faço estratégias, por isso não é um jogo.

Não posso ser vencedora em algo que tenho de fazer sozinha.
Chegamos e partimos sozinhos. Isso é um jogo?

Não pra mim. Eu não permito.

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