Invernáculo

Esta língua não é minha,
qualquer um percebe.
Quem sabe maldigo mentiras,
vai ver que só minto verdades.
Assim me falo, eu, mínima,
quem sabe, eu sinto, mal sabe.
Esta não é minha língua.
A língua que eu falo trava
uma canção longínqua,
a voz, além, nem palavra.
O dialeto que se usa
à margem esquerda da frase,
eis a fala que me lusa,
eu, meio, eu dentro, eu, quase.

(Paulo Leminski)

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Sinto

Quadros na parede
Cheiro de café
Pássaros nas árvores
Com seu piar...
Silêncio de manhã
Pão e paz
Misturam-se à manhã morna
Já sinto sua ausência
Sinto saudades dos dias
Que já passaram
Sinto ainda seu perfume pela casa
Sinto falta
Sinto muito
Sinto não ter sido
Seu mais raro amor...


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