Invernáculo

Esta língua não é minha,
qualquer um percebe.
Quem sabe maldigo mentiras,
vai ver que só minto verdades.
Assim me falo, eu, mínima,
quem sabe, eu sinto, mal sabe.
Esta não é minha língua.
A língua que eu falo trava
uma canção longínqua,
a voz, além, nem palavra.
O dialeto que se usa
à margem esquerda da frase,
eis a fala que me lusa,
eu, meio, eu dentro, eu, quase.

(Paulo Leminski)

terça-feira, 2 de julho de 2013

"Knocked Up"

"Eu não ligo para o que os outros dizem
Eu vou ter um bebê
Quebrada e cheia de dívidas
Minha mãe tentou me ajudar
E alguns amigos tentaram me julgar
Algumas pessoas acham que eu vivo delirando
Mas minha rotina não tem espaço pra preguiça
Batalhando como um guerreiro solitário
Às vezes vencendo, às vezes vencido
Como um bêbado sóbrio...
Mas confesso que nem sei pra onde estou indo
Fingindo não estar perdida
Ninguém mais vai amar esse bebê como eu
Não é egoísmo, mas ele será só meu
Eu estou detonada
De calças curtas, com a cara suja
Caçando um rumo, como uma renegada
Em meio a essa cidade estranha...
Arrepiada de frio, barriga roncando
Mas eu não ligo pro que eles dizem
E vou ter esse bebê...
Eu não me importo com o que minha mãe diz
E mesmo falida, cheia de dividas,
Eles só querem me rotular..."

Escrevi essas linhas ao som de "Knocked Up" - Kings of Leon, durante a gestação do Miguel, meu segundo filho.
Apesar das dificuldades, apesar de toda a tormenta, em nenhum momento me arrependo de ter confiado na alegria da tua existência, filho!

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