Olho voces todos
Os enxergo sorridentes
Renitentes e reticentes
Sorrisos amarelos e sarcasmo
Essa cara de covarde
Todos vocês tem em comum.
Olho vocês
Daqui, desse dia perdido no futuro
O estático
e imóvel passado
Inexorável
e inútil
Tento achar
algo
Alguma resposta
Busco o
que cada um
Tinha em
comum
(além da
covardia)
Algo disso
deve ajudar
A entender
essa mania
De não deixar
as coisas
Passarem
Olho pra
vocês –
Meu estômago
embrulha
Foram muitas
Cobras e
lagartos
Muitos sapos
embrulhados
Em lindos
papéis de
“eu
sinto muito” e
“eu não
sou capaz”
Os
piores e mais bonitos:
“Você sou
eu de saias”
Ah, que
lindo!!!
Mas o
fato é que nenhum de vocês aguentou
Todos fugiram
de alguma forma e agora
Meu estomago
pesa
Por tanta
porcaria que engoli
Não quero
vomitá-las em vcs
Pra vocês
eu guardei
O gosto
do “quase”
Do “talvez”
Do “pudera”
Pra vocês
eu deixo a dúvida
A incerteza
O cotidiano
morno
O café
que esfria
O erro
repetido e repentino
A cara
pálida no espelho
Pra vocês
eu deixo
Meu sorriso
de canto
Meu olhar
Capitu
Vocês não
tiveram as manhas
Não tiveram
força, coragem, opinião.
Sou mais
macho que vocês
Todos juntos
Não dou
o troco
Porque de
mim nada compraram –
Eu nunca
estive à venda.
Pra vocês
eu deixo a miséria
E a
pobreza do que fizeram
Deixo a
mesquinhez
Guardada
em vossos bolsos
E a
covardia atrás dos
Velhos sorrisos
velhos
Velhacos!
Nojentos!
Pra vocês
eu deixo
Meu perfume
no ar
E a
certeza do “nunca mais”.