Invernáculo

Esta língua não é minha,
qualquer um percebe.
Quem sabe maldigo mentiras,
vai ver que só minto verdades.
Assim me falo, eu, mínima,
quem sabe, eu sinto, mal sabe.
Esta não é minha língua.
A língua que eu falo trava
uma canção longínqua,
a voz, além, nem palavra.
O dialeto que se usa
à margem esquerda da frase,
eis a fala que me lusa,
eu, meio, eu dentro, eu, quase.

(Paulo Leminski)

terça-feira, 22 de março de 2011

Caça-Palavras

Te caço em palavras
Mas palavras cruzadas
Nunca me trazem respostas...
Sou dama em seu xadrez
Mas quando estou em xeque
Quase nunca blefo...
Sou sua dama de ouros
E você finge ser o valete
Mas eu sei, você é meu rei de espada!
De noite, esconde-esconde
Você finge que tem pique
E eu que sou café-com-leite
Você sabe q somos
Zebras que nunca dão
Você é o azarão
E eu sou a teimosinha..

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