Invernáculo

Esta língua não é minha,
qualquer um percebe.
Quem sabe maldigo mentiras,
vai ver que só minto verdades.
Assim me falo, eu, mínima,
quem sabe, eu sinto, mal sabe.
Esta não é minha língua.
A língua que eu falo trava
uma canção longínqua,
a voz, além, nem palavra.
O dialeto que se usa
à margem esquerda da frase,
eis a fala que me lusa,
eu, meio, eu dentro, eu, quase.

(Paulo Leminski)

terça-feira, 15 de março de 2011

Valsinha em sol maior

Eu tentei cantar, mas desafinei
Tentei te contar, te fazer saber
Que você é tudo o que quis pra mim
Parece absurdo te amar assim?

Eu tentei rimar, mas perdi o tom
É porque amar me parece bom
E não é difícil te querer assim
Todo amor do mundo vai caber em mim.

Insisto e falho, mas é tão normal
Afinal, amar, parece sempre igual...
Ser careta e brega, vai ser sempre assim
Se essa moda pega não vai ter mais fim...

10/2010

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