Invernáculo

Esta língua não é minha,
qualquer um percebe.
Quem sabe maldigo mentiras,
vai ver que só minto verdades.
Assim me falo, eu, mínima,
quem sabe, eu sinto, mal sabe.
Esta não é minha língua.
A língua que eu falo trava
uma canção longínqua,
a voz, além, nem palavra.
O dialeto que se usa
à margem esquerda da frase,
eis a fala que me lusa,
eu, meio, eu dentro, eu, quase.

(Paulo Leminski)

terça-feira, 15 de março de 2011

Perdas e danos

Perdi a graça
Perdi o verso
Perdi o resto
Da minha lucidez
Perdia a vontade
Perdi o apetite
Perdi um convite
À minha viuvez
Perdi todo o senso crítico
E um punhado de ilusões
Perdi a trama, perdi o ritmo
E assassinei uns corações
Me perco em palavras vazias
Perdi o latim, perdi a voz
Perdi um bocado do q eu tinha
Perdi o rumo dos meus passos
Perdi o prumo, perdi espaço
Perdi o esquecimento de quem eu queria
Perdi a confiança de quem não devia
Me perdi, me perdi
Não sei mais pra onde vou
Perdida em meio ao dia-a-dia
Perdida em meio ao furacão
Me sinto só, perdendo tanto
Perdendo os dentes,
Perdendo o encanto
Perdi o resto do que eu era
Perdi você, pra mim já era.
Me pergunto quando
Vou aprender a perder
Por que às vezes luto,
Tentando vencer
Vou ver se perco essa mania
E assumo de vez q nasci pra perder.


Débora
20:18 h
10/03/2011

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