Invernáculo

Esta língua não é minha,
qualquer um percebe.
Quem sabe maldigo mentiras,
vai ver que só minto verdades.
Assim me falo, eu, mínima,
quem sabe, eu sinto, mal sabe.
Esta não é minha língua.
A língua que eu falo trava
uma canção longínqua,
a voz, além, nem palavra.
O dialeto que se usa
à margem esquerda da frase,
eis a fala que me lusa,
eu, meio, eu dentro, eu, quase.

(Paulo Leminski)

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Versos Vagos

Perdi o rumo de novo,
Perdi os passos.
Estou sozinha e agora vejo que sempre estive.
Não tenho mais medo,
Mas ainda sinto dor.

Eu sabia, de alguma forma eu sempre soube...
Que vc não partiu
Apenas nunca chegou.
Passou e nunca veio pra ficar.

De quem é a culpa?
Culpa de que?
Ninguém machucou
Mas todo mundo se feriu.

Por gostar?
Por querer?
Por pensar?
Por viver?
Por sentir?
Por voar?
Não mentir
Nem provar?

O que ficou?
Esse vazio de novo, essas palavras
Que não saciam nem curam?
Essas lágrimas vãs que nunca dizem nada?
Que não transbordam nem calam

O mundo
Nem sempre parece redondo,
E agora me sinto jogada num canto
Longe, longe
Distante de tudo.

E eu me sinto estrangeira
Em ruas que passo todo dia
Visitante do meu lar,
Esporádica em meio ao cotidiano...
Sem ser...

Perdi o rumo, mas não vou parar
Meu caminho é longo...
O sol vai secar essa dor
E aquecer esse frio.

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