Invernáculo

Esta língua não é minha,
qualquer um percebe.
Quem sabe maldigo mentiras,
vai ver que só minto verdades.
Assim me falo, eu, mínima,
quem sabe, eu sinto, mal sabe.
Esta não é minha língua.
A língua que eu falo trava
uma canção longínqua,
a voz, além, nem palavra.
O dialeto que se usa
à margem esquerda da frase,
eis a fala que me lusa,
eu, meio, eu dentro, eu, quase.

(Paulo Leminski)

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

A ver...

Revendo fotos antigas
Te vi lá, em todas elas
Mania de revival
Doença da nostalgia
A moda sempre volta
E o que isso tem a ver
Com o sangue e a vontade de sangrar?
Com o sol e a necessidade de brilhar?
A vida dá voltas
E o que isso tem a ver
Com a paixão e a vontade de gostar?
Com a saudade e a vontade de lembrar?
Te vi nas fotos e teus sapatos
Estilo Dock Side
Que agora voltaram
Mas mudaram de nome
(agora é Top Side!)
O que os teus sapatos tem a ver
Comigo e a vontade de trilhar
Novos caminhos
E a necessidade de mudar
Os rumos do pensamento
Do coração, das atitudes
O que é que tem a ver?
O esmalte da moda
Da nova campanha
O que que isso tudo tem a ver
Com a manha
Que a gente finge que não faz
Pra segurar um rapaz
Entre as unhas???
Nada a ver.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Piaf...

Quand il me prend dans ses bras,
Il me parle tout bas,
Je vois la vie en rose...


Momento "Te Dedico"...

Metade - Adriana Calcanhotto

Eu perco o chão, eu não acho as palavras
Eu ando tão triste, eu ando pela sala
Eu perco a hora, eu chego no fim
Eu deixo a porta aberta
Eu não moro mais em mim


Eu perco a chaves de casa
Eu perco o freio
Estou em milhares de cacos, eu estou ao meio

Onde será que você está agora?

Eu perco a chaves de casa
Eu perco o freio
Estou em milhares de cacos, eu estou ao meio

Onde será que você está agora?


quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Prostituta

Sou uma prostituta
E me vendo fácil
Por qualquer pedaço
De ilusão...

Sou uma prostituta
E me entrego fácil
Por qualquer abraço
Por qualquer paixão...

Sou fácil, eu sei
Esperando afeto
E o que arquiteto
Não da certo no final...

Sou fácil, eu sei
Esperar carinho
E esse caminho
Nunca tem final...

Fatio os pedaços do coração
Mais bobo e mais carente
E eu já nem o tenho mais
E meu sangue parece dormente...

[Arranco meus próprios cabelos
Não adianta, ninguém escuta
Eu tento não cair, mas os apelos
Sempre saem-me pela boca
Atropelando minha parca inteligência.]

No final de tudo sempre acabo me sentindo
Como alguém que fica se prostitunido
Por simplesmente não saber ser só.

Parece que eu não me amo
Parece que sempre me engano
Parece que eu procuro dó.

Não quero mais ficar nessa
Não quero mais ter pressa
Pra me apaixonar.

Eu acabo sempre presa
Destruindo a surpresa
Do sabor de ser normal.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Tears Dry On Their Own - Amy Winehouse

All I'll can ever be to you
Is a darkness that we know,
And this regret I got accustomed to.
Once it was so right
When we were at our high,
Waiting for you in the hotel at night.
I knew I hadn't met my match,
But every moment we could snatch,
I don't know why I got so attached.
It's my responsibility,
And you don't owe nothing to me,
But to walk away I have no capacity.

He walks away,
The sun goes down,
It takes the day but I'm grown
And in your way,
In this blue shade
My tears dry on their own.

I don't understand,
Why do I stress a man,
When there's so many bigger things at hand,
We could've never had it all,
We had to hit a wall,
So this is an inevitable withdrawal.
Even if I stop wanting you
A perspective pushes true,
I'll be some next man's other woman soon.
I couldn't play myself again,
I should just be my own best friend,
Not fuck myself in the head with stupid men.


He walks away,
The sun goes down,
He takes the day but I'm grown
And in your way,
In this blue shade
My tears dry on their own.

So we are history,
Your shadow covers me,
The sky above
A blaze

He walks away,
The sun goes down,
He takes the day but I'm grown
And in your way,
In this blue shade
My tears dry on their own.

I wish I could say no regrets,
And no emotional debts,
Cause as we kiss goodbye the sun sets.

So we are history,
Your shadow covers me,
The sky above a blaze that only lovers see.

He walks away,
The sun goes down,
He takes the day but I'm grown
And in your way,
In my blue shade
My tears dry on their own.

He walks away,
The sun goes down,
He takes the day but I am grown
And in your way,
My deep shade,
My tears dry on their own.

He walks away,
The sun goes down,
He takes the day but I'm grown
And in your way,
My deep shade,
My tears dry...

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Momento "Te Dedico"...


As the World Falls Down

There's such a sad love
Deep in your eyes.
A kind of pale jewel
Open and closed
Within your eyes.
I'll place the sky
Within your eyes.

There's such a fooled heart
Beatin' so fast
In search of new dreams.
A love that will last
Within your heart.
I'll place the moon
Within your heart.

As the pain sweeps through,
Makes no sense for you.
Every thrill is gone.
Wasn't too much fun at all,
But I'll be there for you-ou-ou
As the world falls down.

Falling.
As the world falls down.
Falling.
Falling in love.

I'll paint you mornings of gold.
I'll spin you Valentine evenings.
Though we're strangers 'til now,
We're choosing the path
Between the stars.
I'll leave my love
Between the stars.

As the pain sweeps through,
Makes no sense for you.
Every thrill is gone.
Wasn't too much fun at all,
But I'll be there for you-ou-ou
As the world falls down.

Falling
As the world falls down.
Falling
Falling
As the world falls down.
Falling.
Falling.
Falling
Falling in love
As the world falls down.
Falling.
Falling.
Falling.
Falling in love
As the world falls down.
Makes no sense at all.
Makes no sense to fall.
Falling
As the world falls down.
Falling.
Falling.
Falling in love
As the world falls down.
Falling.
Falling
Falling in love
Falling in love
Falling in love
Falling in love
Falling in love

sexta-feira, 23 de julho de 2010

VEM...




Vem
Que eu sei que você tem vontade
Que eu sei que você tem saudade de mim
Antes que haja enfermidade
Que eu não me recupere

Mas
Se decidir fazer surpresa
Deixei as chaves embaixo do xaxim
Comprei os doces que devora
Acho que agora não vai resistir

Um espelho pra sua vaidade
Dossel, pena de ganso
É quase um romance
Desligue nossos celulares
Três dias pra um começo, vem

Vem
Eu sei que você tem vontade
Eu sei que você tem saudade de mim
Antes que haja enfermidade
Que eu me desespere



He Can Only Hold Her



He can only hold her for so long
The lights are on but no one's home
She's so vacant Her soul is taken
He thinks: "what's she running from?"

How can he have her heart
When it got stole?
Though he tries to pacify her
Whats inside her never dies

Even if she's content in his warmth
She is plagued with urgency
Searching kisses
The man she misses
The man that he longs to be

Now how can he have her heart
When it got stole?
So he tries to pacify her
Cause what's inside her never dies

So he tries to pacify her
'Cause what's inside her, it never dies
So he tries to pacify her
'Cause what's inside her never dies.


Vilarejo




Há um vilarejo ali
Onde Areja um vento bom
Na varanda, quem descansa
Vê o horizonte deitar no chão

Pra acalmar o coração
Lá o mundo tem razão
Terra de heróis, lares de mãe
Paraiso se mudou para lá

Por cima das casas, cal
Frutas em qualquer quintal
Peitos fartos, filhos fortes
Sonho semeando o mundo real

Toda gente cabe lá
Palestina, Shangri-lá

Vem andar e voa (3x)

Lá o tempo espera
Lá é primavera
Portas e janelas ficam sempre abertas
Pra sorte entrar
Em todas as mesas, pão

Flores enfeitando
Os caminhos, os vestidos, os destinos
E essa canção
Tem um verdadeiro amor
Para quando você for


quinta-feira, 22 de julho de 2010

The Black Needles!



tcha tcha tcha garantido!!!!



Loren, Linda e vitaminada como sempre!




Banda The Black Needles no CB Bar - 01/05/2010...


quarta-feira, 21 de julho de 2010

Dita e + Dita...



Dita Von Teese









Simplesmente maravilhosa.

(incluindo foto lindissima da campanha da Mellissa..)

Rodo Cotidiano


Ô Ô Ô Ô Ô My Brother
Ô Ô Ô Ô Ô My Brother
Ô Ô Ô Ô Ô My Brother
Ô Ô Ô Ô Ô My Brother

A ideia lá
comia solta
subia a manga
amarrotada social
no calor alumínio
não tinha caneta nem papel
e uma ideia fugia
era o rodo cotidiano
era o Rodo cotidiano

0 espaço é curto
quase um curral
na mochila amassada
uma quentinha abafada

meu troco é pouco
é quase nada

Ô Ô Ô Ô Ô My Brother
Ô Ô Ô Ô Ô My Brother
Ô Ô Ô Ô Ô My Brother
Ô Ô Ô Ô Ô My Brother

Não se anda por onde gosta
mas por aqui nao tem jeito todo mundo se encosta
ela some ela no ralo de gente
ela é linda
mas não tem nome
é comum e é normal

Sou mais um no Brasil da Central
Da minhoca de metal
que corta as ruas
da minhoca de metal
como um Concorde apressado
cheio de força
voa, voa pesado que o ar
e o avião, o avião, avião
do trabalhador

Ô Ô Ô Ô Ô My Brother
Ô Ô Ô Ô Ô My Brother
Ô Ô Ô Ô Ô My Brother
Ô Ô Ô Ô Ô My Brother

0 espaço é curto
quase um curral
na mochila amassada
uma vidinha abafada

meu troco é pouco
é quase nada

Não se anda por onde gosta
mas por aqui não tem jeito todo mundo se encosta
ela some ela no ralo de gente
ela é linda
mas não tem nome
é comum e é normal

Sou mais um no Brasil da Central
Da minhoca de metal
que corta as ruas
da minhoca de metal que entorta as ruas
como um Concorde apressado
cheio de força
Voa, voa pesado que o ar
e o avião, o avião, avião
do trabalhador

Ô Ô Ô Ô Ô My Brother
Ô Ô Ô Ô Ô My Brother
Ô Ô Ô Ô Ô My Brother
Ô Ô Ô Ô Ô My Brother

http://www.vagalume.com.br/o-rappa/rodo-cotidiano.html

Tô aproveitando esses dias de solidão pra por a cabeça e a casa em ordem.
Não é fácil conviver com o próprio silêncio, mas acho que preciso...
Com o retorno do Raul a casa ficou mais animada, mas mesmo assim, me sinto muito só.
Só eu de adulta... só eu pra ter neura... sei la... ninguém pra conversar... Amenidades, teoria da conspiração, caso Eliza Samudio... nada. Ninguém pra falar sobre... nada.

Meu pai agora mora só. Meu irmão saindo da casa da minha mãe, indo morar só. É... o Renato tinha razão: o mal do século é a solidão.

O que acontece com as pessoas hoje em dia? PeloamoedeDeus....

Minha cabeça dói. Mas com licença, tem uma pia de louça e uma criança faminta me esperando.
Desculpa, depressão, volta outra hora. To ocupada vivendo, sendo útil, sendo eu.

Bom ficar sozinha mesmo... preciso parar com essa megalomania de ser “carente profissional”. Não sou tão interessante assim, pra ter plateia e audiência o tempo todo. Não tenho tanto conteúdo e alem do que, adoro ter a casa só pra mim, pra fazer pum quando eu quiser.

Cansa ser lady, fazer pose, cansa ser vitaminada e civilizada full time.
Acho que não nasci pra isso...
=P

terça-feira, 20 de julho de 2010

Utilidade Pública

ORGASMO FEMININO:

É a mais pura verdade: enquanto você zzzzzz, seu corpo entra em combustão e pode levá-la a um ohhhhh poderoso. O que está esperando? Vá correndo pra cama!
Dora Moraes
A idéia talvez soe como uma espécie de conto da carochinha, mas os sexólogos garantem: nós, mulheres, podemos muito bem experimentar o êxtase total durante o sono ou, no mínimo, chegar tão perto dele a ponto de acordar no meio da noite morrendo de desejo. Diferentemente dos conhecidos "sonhos molhados" dos homens, que costumam ejacular durante o sono, no nosso caso os lençóis não servem como evidência. Mas os estudos na área da sexologia não deixam dúvidas: somos capazes de ter um orgasmo igual ou até mais intenso do que aquele que experimentamos quando estamos de olhos bem abertos.

Como é possível?
Enquanto você dorme, seu cérebro não pára de trabalhar. Ele se ocupa de manter o coração batendo e a produção contínua dos hormônios, monitorar movimentos e reflexos de diferentes partes do corpo, entre outras tarefas vitais. A cada 90 minutos, entramos numa fase de sono profundo que os especialistas chamam de estágio REM (rapid eye moviment, ou movimento rápido dos olhos). Esse deslocamento é a senha de que estamos mergulhadas no universo dos sonhos, quando as projeções imaginárias do inconsciente tornam-se mais vívidas, parecendo reais. Também durante o sono REM, o cérebro determina que um maior fluxo de sangue percorra os órgãos sexuais, inclusive o útero, provocando espasmos e contrações involuntárias. Além disso, o aumento da pressão sanguínea faz com que o clitóris fique intumescido, exatamente como acontece quando nos excitamos — em várias mulheres, isso tudo desencadeia o orgasmo.

É comum?
É perfeitamente normal ter um (ou até mais de um) orgasmo enquanto dormimos, segundo o ginecologista e sexólogo Amaury Mendes Jr., delegado carioca da Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana (Sbrash). "Nos homens, ocorre uma ereção seguida de ejaculação. Nas mulheres, o sinal é a lubrificação pronunciada da vagina. Se você vai dormir excitada ou depois de ter pensamentos picantes, isso fica registrado no cérebro, que se ocupa do resto." Ao pesquisar a conduta sexual masculina e feminina, o sexólogo americano Alfred Kinsey constatou que 70% das mulheres entrevistadas tinham sonhos eróticos e metade delas chegava ao orgasmo. Em contrapartida, quase 100% dos homens de sua amostra vivenciaram a situação, com quase 85% culminando em ejaculação. Curiosamente, a maior incidência de sonhos com o bônus do orgasmo entre mulheres se dá por volta dos 40 anos, revelou o estudo. Nos homens, eles ocorrem na adolescência e também entre os 20 e os 30 anos. Mas vale dizer que tal experiência é possível e até mesmo comum em qualquer época da vida, para os dois sexos. Algumas sortudas, por exemplo, relatam esse tipo de prazer por volta dos 21 anos — e outras até mesmo a partir dos 13. A melhor parte da história é que elas tendem a chegar lá mais de uma vez. Ou seja: nada impede...

http://nova.abril.com.br/edicoes/408/aberto/amor_sexo/conteudo_248775.shtml

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Íntimo

Nada tão íntimo quanto invadir
Pensamentos assim, no meio do dia
Nada tão íntimo asssim
Como me ligar e mudar o dia
Nada mais íntimo.

Não pode existir intimidade maior
Do que morar dentro de mim,
Aproveitar disso e fazer o que quiser.
Não há de haver intimidade maior.

Quando olhei você pensei estar
Diante de meu espelho
Assombrei e espantei o véu mais fino
Agora estou nua
Jogada à deriva em um mar de
Possibilidades surreais
O relógio escorre quente e flácido
Escorrega por entre os cânions da mente
A mulher no horizonte é grave e solene
E está deitada como montes virgens e verdes.

O tempo corre num túnel
Nano-raios vertentes, luzes multicoloridas
Túnel para todos os lugares
E para lugar algum.

Imagens e sons desformes atravessam
O fio intrépido do pensamento
E você está lá, em todos eles.

Todos os fios, todas as cores
Todos os tempos e todos os túneis
Toda mulher e cada monte verde
Cada relógio e cada horizonte
Todas as luzes, raios e reflexos
A resposta é sempre o espelho
E eu sei,
O espelho é você.

Perdi a linha

Perdi a linha, eu sei
É irreversível
Gostar tanto de alguém assim
Tão inesquecível.

Eu só queria que você soubesse
Que onde for e o que for...
Aqui tem um alguém que
Não te esquece.

Pode passar o tempo,
Eu sei que vai
Ficar um sentimento e
Algo mais
Alguma coisa
Que já se perdeu
Uma só chance pra você e eu
Voltar atrás...

Eu só queria
Que você lembrasse
Que eu só queria
Que você ficasse
Um pouquinho mais...

Eu só queria
Que você soubesse
Que essa paixão e
Essa canção coubesse
No seu coração...

E se eu pedisse
E se você ficasse
Seria fácil
Se a gente se amasse
Um pouquinho mais...

Brother

A saudade que tenho de você
É quase sufocante...

Queria que vc tivesse aki pra gente poder
Sair correndo até perder
O fôlego e rirmos, rirmos tanto
Até chorar...

A saudade que sinto de vc
É tão cortante e tão algoz
Mas me faz ir em frente e lutar

E é impressionante
Quando vc ta perto
Parece que nunca esteve longe

Mas é impressionante
Quando vc ta perto
Parece que a saudade nunca passa

E é em você que eu penso
Quando meu nariz sai enorme na foto
Porque vc é minha cara,
E isso é mó legal!

Você é o brother q eu pedi...
Mas agora vc ta longe e isso às vezes dói
Mas no fundo eu sei
Vc ta perto
Ta aki dentro.

Valeu por ser tão louco
Valeu por ser tão eu
E eu queria que vc soubesse
O qto eu sou vc.

Volta logo,
Vc faz falta
Qdo fico afim
De falar bobagens
Ou sobre mim

Falta o teu perdão
Tua absolvição
Falta sua risadinha zombeteira
Quando a gnt fica de brincadeira

Falta vc qdo quero rolar de rir
E falta tbm qdo não sei pra onde ir

Vc é o cara, Man...
E eu amo vc.

Coragem

Perco o que sonhei
E fico com o que sobrou
Agarrou o que eu pensei
Ser os restos do teu amor

Migalhas caídas
No lugar do pão
Você segue em frente
E eu na contramão

Só pra ser diferente
Do filme que sonhei pra gente...

E o que é olhar pra trás
E ter apenas um instante
Saber que não vou ter
O teu retrato na estante

E o que é olhar pra frente
E não ter nem mais coragem
Pra te encarar de frente
E te dizer minha vontade

Vamos fugir daqui
Sem olhar pra trás
E ver de uma vez por todas
Que a vida pode ser bem mais

Vamos fugir daqui
Pra viver alem
Fazer o que a gente sempre quis
E não sabíamos com quem...

Um dia, no futuro
Quando o vendaval passar
E eu sair do escuro
E reaprender a andar

Vou me arrepender
Do beijo que eu não te dei
E de cada chance que eu tive
E não te roubei...

Vamos fugir daqui...

Pesadelos

Cansei de tentar transcender
Tudo o que quero agora
É rasgar a carne
Sair de mim.

Por vezes acordo num sufoco surdo
Empurrando o rosto contra o travesseiro
Querendo que tudo não passe
Do útero materno.

Não tento mais ver
O que está alem
Quero o gelo de ser
Das coisas estáticas
E imediatas.

Quero o nascer da estrela fria
O soprar do vento ateu
O ranger dos dentes nus.

Sussurro

Eu sussurro
E você ali, parado
Prestes a dar o próximo passo...

Eu falo baixo
Disfarço,
Assobio...

Eu te chamo, quase não se ouve
O som da minha voz
E eu queria te seqüestrar
Em silêncio...

Sem resgate, sem violência
Um dia só e nada mais
Do teu tempo
Da tua história...

Eu lanço um “psiu”, mas você ignora,
Tudo bem, assim é que melhora
Quem sabe eu vá embora?
Aproveito a deixa – a melhor hora
De abandonar o espetáculo agora
Deixar teu sol brilhar lá fora...

Um sussurro no escuro
Um tiro no escuro
Uma palha
No palheiro escuro
Uma voz inaudível
De alguém do futuro...
Nos sonhos
Eu e você
E um grande muro
Mas que por mais sólido e imenso...
Ainda resta um furo...

Histórias...

Sei que cada traço, cada passo
Cada anoitecer
Verei você
No mais banal dos gestos
E nos dissabores mais indigestos
Lembrarei você
Na completa loucura
Na sufocante lucidez
Eu terei algo sobre você
Cada olhar, virar a página
Um livro em branco
Isento de lágrima
Isento de você
Eu e você nunca rendemos histórias
Que os outros gostariam de contar
E além do mais, vitórias
Não são pra se cantar
A dois
E antes da hora.

Muro das lamentações

Eu posso tudo


Enquanto for capaz

De te reconquistar a cada dia.

Eu quero tudo

Enquanto for capaz


De ser reconquistada a cada dia.


Você vai ser sempre

O muro das minhas lamentações


E a Meca da minha peregrinação.


Você vai ser sempre

O oceano – rumo da minha correnteza.

Eu fujo, disfarço, dou volta,

Mas tenho sempre a certeza

De terminar sempre em você.

Contramão

Nesse dia triste
Choro por todos os outros
Não pretendo chorar mais.


Os punhos cerrados
E pés no chão
Sigo caminhos errados
Ou pego a contramão.



Todos os dias de chuva
Tem algo dos teus olhos caídos
Todos os dias de sol
Mostram a falta
De você ao meu lado.


Os punhos cerrados
Pra encarar a contramão
Sigo caminhos alados
Repletos de ilusão.


Pq todos os caminhos
Me levam à soleira da sua porta
Pq todos os destinos
Mostram nossa sina torta.


As perguntas que não calam
Essas vozes aqui dentro
Do que finjo que não sinto
E o que sinto do que invento.

Alma de Poeta

Tenho alma de poeta

Não posso ser tão asceta

Em fazer o que proponho

E ser fiel ao que me oponho.



É que decidi ser errada

Logo que encarei a estrada

Não falo do passado, tão duro

Nem das lagrimas vertidas no escuro...



Falo da essência que já não existe

De preferir no mundo, ser mais triste

Nunca acreditei em quem diz

Que a gente nasceu pra ser feliz.

Fico com a melancolia

Dos dias de chuva, sem euforia,

Da paixão, já sem brasa,

Do caminho de volta pra casa..



Eu fico assim, sem rumo

A cabeça perdendo o prumo

Nada mais vai me guiar

Prefiro sair por ai e vagar...

Vagar...

...pra que sofrer?

Pra que sofrer


Se aprendi a esperar?

Eu sei que ainda vou ver

Mais uma vez você voltar

Voltar com aquela cara

De quem não devia ter partido

Não vai faltar mais nada

Pro seu paraíso perdido.

Senti por tantas vezes

Que você era só meu

Apostei no jogo deles

Adivinha no que deu?



Não vou mais perder

Não vou mais me machucar

Limites são pra prender

E sonhos pra libertar

Vivi, corri, sonhei

Dos limites me libertei

Vou esperar você voltar

Mais uma vez.

Vem

Vem, porque eu sou tua


Toma minha carne crua


Mastiga com os dentes de tu’ alma


Porque quando você me acalma


Sei que és irmão gêmeo meu


Sei que quando o mundo for um breu


Vou recordar dessa oração


Corpo, alma e coração


Pois lembrarei que não estou sozinha


Tua alma, irmã da minha


Vai estar ao meu lado


E me abraçar


Seguir ao meu lado até tudo passar


Vou fechar os olhos, prosseguir nesse mundo


Esperando o momento do despertar profundo


Esperar tua vez de se libertar


Vou estar aqui, vou te receber, vou te amar


Vou ser bem feliz, esperando você voltar.

Esgotei

Esgotei. Esvaziei. Enchi.
Nunca pensei que me sentiria
Novamente assim.




A dor do parto
De uma criança morta,
Enquanto eu parto
Você bate a porta.




Nunca vou conseguir expressar
O que sinto por saber
Que o único jeito é te deixar.




Não tenho mais palavras
Não tenho mais sorriso
Em qualquer verdade falha
Vou fazer o meu abrigo.




Esgotei meu repertório
Esgotei todo o clichê
Quebrei meu oratório
E bebi água do bidê.




Esvaziei a alma vã
Esvaziei meu coração
Deitada no divã
De um analista canastrão.




Enchi a boca, o peito, o copo
Encheu o saco essa novela
Agora encho de desculpas
Uma verdade quase bela.




Se os olhos não mais fossem
Janelas que levam ao nada
Talvez até valesse a pena
Encarar essa empreitada.




Rimas pobres, versos tristes
Mão cansada a lamentar
Sentimento nobre ainda existe
Só ficou cansado de tentar.


Se um dia você voltasse
Como se não tivesse partido
Não diria que tentasse
Ser de novo só amigo.




Amizade não vai sobrar
De toda a loucura de ficar
Buscando respostas onde não há.

...Dessa Vez...

Poemas e canções

Ainda não me atingiram o peito

Como sempre atingem...

É só questão de tempo,

Eu sei...



Eu sei e já vi esse filme

Always happens like that

Mas dessa vez é diferente

Dessa vez há algo além.



Estou tranqüila, porém ansiosa

Pra descobrir o que é

Eu sei, dessa vez o sabor

Não vai ser tão doce

Mas vai durar um tempão



Os raios de Sol

Que vieram pra ficar

Pra deixar tudo claro

Mas não pra queimar



Vai ser bom dessa vez,

Eu sei...

Não vai ser tão quente

Mas o calor vai

Durar um tempão!



Eu sei, eu soube

Quando olhei você eu sabia

E eu sinto quando te olho.



Gosto de fazer planos

Gosto de me jogar

E agora não sei o que faço

Não dá pra calcular.



Já consultei os astros

Como disse Jorge Ben

Mas nem ligo pro que dizem

Só quero pagar pra ver.



Tudo bem se ficarmos assim

Nada certo, nada fixo

Mas tudo exatamente no lugar

Coração no peito

Cabeça sobre o pescoço


E a gente rolando na grama

Cansando na cama

Fugindo do drama

Que plano sacana


Assoviar chupando cana...

Dias Estranhos

Dias estranhos estes
Que ando catando moedas nos bolsos
Dias estranhos estes
Que erro o caminho de casa
Apenas estranhos dias.
Estranhos caminhos
Que sigo agora
É estranho...
Talvez não o que calculei pra mim...
Talvez uma outra vida...
Dias estranhos em que te procuro
Sem telefonar nem escrever
Dias estranhos os que te esqueci
E também os que me lembro de você
Estranhos modos
Com que essas coisas acontecem
Casa nova... vida nova
Velhas mentiras,
Velhas ilusões
Eu me engano dizendo:
“Tudo bem, ta tudo bem”
Dizendo que são
Dias estranhos
(e talvez nunca mais eu seja
Igual ao que eu era
Antes de tudo)

Dias Estranhos II

Dias Estranhos
Em que me perco de novo
Nas mesmas ruas sujas
Dias estranhos
Em quem me afogo
Nas mesmas mentiras
Apenas dias estranhos...
Dias estranhos
Em que tenho que me adaptar
A novos rostos, novos hábitos...
Dias estranhos
Em que me sinto vazia...
De dias estranhos em dias estranhos
Vou vivendo estranha
Estranhando minha cara
No espelho,
Estranhando não ouvir sua voz
Estranhando o tempo
Por ser tão veloz
Perdida entre duas estranhos
Olhando para um céu estranho
Nem azul nem cinzento
Perdida entre a estranheza
Das muralhas de cimento
Que aprisionam nossas almas
Presa por amarras digitais
Sou só mais uma estranha
Perdida entre
Dias estranhos.

Dias Estranhos III

Dias estranhos
Em que me lembro de quem fui
Estranhos dias em que me transformo
E sinto a corrosão dos ventos novos
Mudando tudo de lugar
Dias estranhos estes
Em que tento apagar
As mentiras do passado
E escrever uma história diferente
Tento brincar de Deus
E fazer um ser - humano novo
Me modificando,
Modificando meus modos
Nesses estranhos dias...
Dias estranhos nos trazem
A fria brisa do Outono
Em mais um final de Verão...
Estranhos dias de Março que se repetem...
Dias estranhos de uma estranha rotina
A qual eu nunca nunca nunca
Nunca imaginei pra mim
Estranho estranhar tranqüilidade,
Quietude e esperança em mim,
Já que o “novo eu” me faz tão bem!
Estranhas canções no rádio,
Nesses dias estranhos
Me fazem perceber que estou
Ficando velha
Estranhos dias em que envelheço
Mas são apenas dias estranhos...

Dias Estranhos IV

Dias estranhos
Em que me perco
Entre o seu e o meu
Entre noites e dias
Estranhos, apenas...
Dias estranhos
Em que me confundo
Entre os defeitos seus
E os defeitos meus
Apenas dias e noites estranhos...
Estranhos dias em que
Procuro motivo, um culpado
E são estranhos os dias
Em que encontro você.
Apenas estranhos modos.
Estranhos dias em que
Me culpo por tudo parecer
Tão estranho
Dias e noites estranhos
Seguindo, cotidiano raso
Um mergulho no escuro
Obscuro dia-a-dia previsível
Ou talvez... não seja
Tão previsível assim!
Dias estranhos em que
Me questiono
Como vim parar aqui?
E no fim são só
Estranhos dias.

Areia Movediça

Me desculpa se te machuquei
sempre fui da turma
do tudo ou nada, eu sei.
eu ofendi sua mãe
mas tem algo aqui
que vc nunca vai saber
eu não me contento com migalhas,
achei que vc podia ver

as coisas pelo meu lado
mas vc mesmo
se assume mimado
é legal ver como tudo se desmancha

depois de tanta promessa
e tanta confissão
todavia é bom saber
que na primeira vc desconfia
logo de cara, do melhor amigo
posso me sentir segura, agora
que enxerguei que entre nós
só há areia movediça.

Próxima Volta

Difícil ouvir vc falar por tanto tempo

De um amor que queria ter sentido

De um amor que queria ter vivido

Você continua com mentiras e desculpas

Um jeito de nunca olhar seu passado

E sentir alguma culpa

E você acha que está

Melhor dessa forma

É fácil me ter pela metade

E dizer que sente muito

Fácil usar e nunca se comprometer

Fácil...

Mas eu vou pegar você

Eu te pego na próxima volta

Vai ser minha vez de dizer

Que “assim estou melhor”

E que tudo que eu sempre quis,

Oh, sinto muito!

Você realmente faz falta!

Você realmente faz diferença!

Não

Não

Não

Não

Não

Versos Vagos

Perdi o rumo de novo,
Perdi os passos.
Estou sozinha e agora vejo que sempre estive.
Não tenho mais medo,
Mas ainda sinto dor.

Eu sabia, de alguma forma eu sempre soube...
Que vc não partiu
Apenas nunca chegou.
Passou e nunca veio pra ficar.

De quem é a culpa?
Culpa de que?
Ninguém machucou
Mas todo mundo se feriu.

Por gostar?
Por querer?
Por pensar?
Por viver?
Por sentir?
Por voar?
Não mentir
Nem provar?

O que ficou?
Esse vazio de novo, essas palavras
Que não saciam nem curam?
Essas lágrimas vãs que nunca dizem nada?
Que não transbordam nem calam

O mundo
Nem sempre parece redondo,
E agora me sinto jogada num canto
Longe, longe
Distante de tudo.

E eu me sinto estrangeira
Em ruas que passo todo dia
Visitante do meu lar,
Esporádica em meio ao cotidiano...
Sem ser...

Perdi o rumo, mas não vou parar
Meu caminho é longo...
O sol vai secar essa dor
E aquecer esse frio.

Bem-Casado

Porque todas as canções bregas deviam

Levar seu nome no título

Esse sentimento velho e rançoso

Essa dor sem graça que não passa mais...



E todas as canções que falam

De dor de cotovelo, que ridículo!

Essa vontade velha e teimosa

Esse desejo sem graça que não passa mais...



Porque quando olho você e ouço

Violinos como canções velhas

De velhas cantinas italianas

E isso é muito brega!



Esse arrepio que dá é démodé

E ficar de paquerinha já não rola

Achei que você pudesse ver,

Mas ambos concordamos: que cafona!



Eu esperava que você pedisse minha mão

Bolo e champanhe no noivado

Véu, grinalda e uma procissão

Carros cheios de lata, buzinasso

Para celebrar a comunhão.



Mas chuva de arroz é convencional

Demais pra nós dois

E ficamos assim, com essa cara

De assunto pelo meio

Esperando o recheio

Do docinho bem-casado.

Desejo

Desejo que saias da minha vida,
E quero que saia agora...
Saia se não for meu
Negue que não me quer
Se não quiser pra sempre.

Desejo que vire as costas
E quero que me deixes
Parta se já não fores meu
Negue que gosta de mim
Se não for gostar pra sempre.

É assim que te quero
E é assim que te assumo
Não há o que te prove,
Mas te asseguro
Eu partiria agora
Se não te desejasse pra sempre.

Pôr-do-Sol

Se tudo fosse como invento
E corresse a contento
Se o pôr-do-sol fosse igual
Àquele dia normal
Se a lua fosse só nossa
E a noitinha uma eterna bossa
Se eu subisse
E você não descesse
Ou se eu descesse
E você não subisse
Vai ser sempre assim,
Como você disse
Esperando a próxima volta, enfim
“que estranho é o amor
Quando já não está.”

Mergulho

Minha alma parece mergulhar

fluido do rio da morte

Hades me vê mergulhar

sua risada fria congela a centelha



preciso aquecer os pés

para afastar da cabeça essa nuvem gelada

que desvanece os bons pensamentos



sinto-me mergulhando...



fundo poço da morte

quando atingirei o fundo?



sinto-me rainha por um dia

e tola pela vida toda

ascendendo ao céu

afundando ao mar



finjo não estar perdida

entre coisas que pensei ter escolhido

finjo satisfação

livre arbítrio???



mergulhando fundo...

Motivo

Fosse só procurar um motivo

Continuo no escuro, perdido

E se amar é mesmo abanar o rabo

Então, penso que não há nada errado

Quando abrimos o coração e deixamos

O outro com a vantagem dos planos

Que agora já não são mais segredo

E a ameaça equivale ao medo

De parecer um sonhador idiota

E se sujeitar à soleira da porta

Por qualquer capricho oportunista

Veja bem, essa é uma visão otimista

Pois só quem já amou pode saber

Como é estar totalmente a mercê

Não tenha pressa em querer provar

Esse gosto percorre os lábios, até encontrar

Randomicamente a boca de quem vai ficar.

Junto ao Mar pt. II

“Pensei em te escrever...’

Fragmentos e trechos

De algo que já passou

Doces flashes do que

Não há mais.



“...Frios como o mar...”

Meus pés seguem

Caminhos impensados

Arrastam de leve

Por não quererem se afastar.



“...Dificil te esquecer...”

E ainda sonho só

Prossigo sem querer

Há algo que não está

Em comum em nossos olhos.



“...E o tempo não parou...”

Podia dessa vez

E por uma vez só

Se arrastar de leve

Fazer, marcar novos flashes.

Tsunami

Penso estar morrendo de agonia
Uma vez por semana
Sempre penso que premedito
Ou pressinto meu fim
E no fim ele nunca chega.

Sou um tsunami de emoções
Não sei por que sou assim:
Amante vulcão
Avalanche de atenção
Sou um tsunami
E nem sei por que sou assim.

Às vezes transbordo
E às vezes me derramo
De vez em quando acordo
O tempo todo delirando.

Sou um tsunami de amor
Amo tudo tão instantaneamente
Quanto destruo
Amo sempre bem fundo.

E eu nem sei por que sou assim
Às vezes amiga
Às vezes ferida
Às vezes querida
Às vezes bandida.

Eu sou assim
Um tsunami em mim
Nunca sei se é o céu
O purgatório ou o inferno
Mas parece que todo
Esse medo é eterno.

E agora já nem sei
Pra onde fugir
Não sei o que faço
E nem pra onde ir.